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Opinião Contemporânea: "Doces Silêncios" de Deborah Smith

março 19, 2018 Inês Santos 0 Comments


ENJOEI DE TANTA MAÇÃ

Para quem já leu todos os romances da autora publicados em Portugal, e todas essas leituras já com mais de um ano, o entusiasmo por ler mais uma das suas obras era enorme. Curiosamente peguei neste livro há algum tempo, mas após ler duas ou três páginas coloquei-o de lado e nunca mais lhe peguei. Sei que as primeiras páginas de um romance dificilmente simbolizam tudo o resto, mas não sei porque o entusiasmo esfumou-se imediatamente, talvez por prever que seria mais um drama familiar - género que não gosto propriamente.

Mas não é isso que Deborah Smith nos dá, nem perto. A autora vai-nos presentear com mais do que um romance, um mais predominante que outro, mas mesmo assim, a meu ver, mal desenvolvido. Tem tanto do romance de Davis e de Jonas (não entre os dois claro) mas depois quando chega a vez da protagonista parece-me tão pouco para tanta expectativa que se cria. Não valeu a espera a meu ver. E aquele acontecimento quase final! Quando ele tem que "sair"! Para que foi aquilo? Não achei muito concordante com o resto do romance. Tal como não achei muito natural o acontecimento final. Não quer dizer que não tenham direito ou não seja possível mas foi uma pressa enorme para quem passou o livro todo afastados. Hum, um pouco forçado não?
Prefiro o título original, apesar de perceber o sentido do português. Prefiro também a capa com a referência das maçãs, que são as protagonistas desta obra, mesmo tendo enjoado delas. A autora excedeu-se tanto nestas referências que fiquei a pensar se quem trabalha com elas tem esta fixação por elas e se o facto de só comer e beber e viver rodeado de coisas feitas de maçãs não enjoa.

Gostei de Hush, gostei do que representa com a sua força e personalidade independente e de durona. Mas para mim estar com um homem que não se ama não é inteligente nem independência. Por isso apesar de gostar dela, não a fiquei a amar por ser uma contradição. O mistério que se cria em volta dos seus segredos também foram muito excessivos, na minha opinião, visto que estão lá todas as pistas e por isso facilmente se percebe o que ela tanto esconde, excepto em relação a Puppy, que me surpreendeu bastante. De resto, todos os segredos apenas servem para adicionar ainda mais drama a um drama já por si no limite do saturado.

Gostei de Davis também, mas mais uma vez não o achei perfeito. Está perfeita a sua relação com a sua amada, e aqui Deborah Smith não me desiludiu, mas em relação àquele amor incondicional pelo pai, aquela admiração, é mesmo de alguém muito cego - e daqueles que não querem ver, não os que não podem.

Gostei da família de Hush, mas não engracei muito com oposta. A comadre da protagonista foi bastante intragável! Sei que era o que a autora pretendia, mas achei-a tão falsa e fútil. Não senti ali química com o marido e muito menos com a filha. As suas atitudes para com o novo genro e os jogos que ela faz são completamente o contrário do que estamos habituados em Hush e por isso o antagonismo é tão forte que não consegui sentir qualquer empatia com esta personagem. Com Al também não, mas talvez por ser um personagem mais ausente.

Não gostei do jornalista. É referido bastantes vezes ao longo do livro, mas sinceramente achei mais uma personagem forçada a entrar nestas páginas, quando já há tantas tão boas. Senti por Smooth o mesmo, apesar de ter gostado dela no inicio.

É de facto um romance muito doce, com algum suspense em termos do romance principal, com um grande leque de personagens, mas muitas delas sem grande interesse. A parte mística da história é bastante interessante, tal como a parte moral e a temática das escolhas da vida quando enfrentamos a vida adulta. Hush entra demasiado cedo nesta etapa da vida e por isso talvez pareça ter mais valor, mas a sua fixação pelas maçãs, por muito historial que tenha na família, para mim pareceu-me um pouco patológico.

Definitivamente não é o melhor da autora, mas é legível e saboreado bastante bem na mesma, apesar de nunca encontrarmos aquela satisfação ou até deslumbramento que nos/me cativou tanto em obras como A Doçura da Chuva.
Após a morte do marido num trágico acidente, Hush McGillen não se deixou abater. Transformou os pomares de maçãs da família num negócio de sucesso e o filho, Davis, está a estudar na conceituada Universidade de Harvard. Contudo, este idílico paraíso cai por terra quando o filho aparece com uma companhia inesperada: a filha do Presidente dos Estados Unidos. De um momento para o outro, Hush tem de lidar com os Serviços Secretos, a comunicação social e, pior do que tudo, os novos sogros do filho - e a primeira-dama não está nada satisfeita.
Com o agente federal Nick Jakobek, enviado pela família presidencial para resgatar a filha, a trazer ainda mais caos à sua vida, Hush vê-se perante a necessidade de fazer todos os possíveis para salvar o seu negócio, a sua reputação e a sua família - pois o seu passado não é exatamente o conto de fadas que todos julgam.

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