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Opinião YA/Histórica: "A Rapariga do Casaco Azul" de Monica Hesse

janeiro 09, 2018 Inês Santos 0 Comments



Depois do Diário de Anne Frank, o interesse por estes romances desta época sempre aumentou mas nunca foi saciado. Foi uma época que ainda hoje não acredito que tenha acontecido, onde a maldade do Homem é tão óbvia (hoje em dia é muito mais subtil, ou então somos nós que já estamos tão habituados que ignoramos a maior parte das coisas) e por isso, um dos pontos da minha lista para fazer antes de morrer é prestar o meu tributo em Auschwitz.
Mas enquanto não vou, vou coleccionado alguns livros sobre o assunto. A Rapariga do Casaco Azul foi o primeiro escolhido talvez porque foi o último a ser comprado.
Penso que a escolha foi a mais acertada porque achei a história muito leve, apesar do tema tão pesado. A cena que me emocionou mais foi logo no inicio quando vizinhos não judeus denunciam vizinhos e amigos judeus para lhes poderem ficar com as casas ou com os pertences, visto que os judeus seriam levados para campos ou outros locais e nunca mais retornariam às suas casas.
Fiquei um pouco céptica em relação ao facto de pessoas não judeus não saberem, nem quererem saber, para onde os judeus "desapareciam", mesmo depois de os verem a serem levados a pé em filas enormes completamente fragilizados.
Gostei (gostar é sempre relativo em questões como estas) de conhecer mais algumas formas de esconderijo que as pessoas tiveram que recorrer. Também gostei de saber que a percentagem de quem ajudava era maior do que a que não o fazia, apesar de que por pequenos sentimentos mais negativos as pessoas rapidamente mudavam de atitude e traiam os seus pares.
Ao ler as sinopses normalmente faço logo um resumo da história, ou de como imagino que será. Neste caso o que imaginei foi um pouco diferente da versão de Monica Hesse. às vezes surpreende-me, outras vezes nem por isso. Aqui apesar de ter sido apenas um pouco diferente acho que a escritora não soube desenvolver de forma a agarrar o leitor, ou seja eu. Apenas no final, quando as coisas começam a fugir ao controlo é que se torna mais "entusiasmante", porque mais de 70% do livro é sobre os dramas da jovem e sobre a morte do seu namorado e a culpa que sente. Sim, há uma evolução da protagonista, mas mesmo assim acho que ela terminou quase tão egoísta como começou. Apesar de toda a informação que lhe chega, e comparando-a ao grupo de Ollie, ela mesmo assim mantém a atitude de só ajudar quem ela quer ajudar e sempre por um preço. E quando finalmente resolve o puzzle, ou começa a se interiorizar naquele mundo que lhe passava mesmo ao lado, mesmo assim mantém-se naquela linha de apenas salvar aquela pessoa.
Concordo que aos poucos podemos fazer muito, mas com os conhecimentos que ela tinha, as ligações que ela mantinha, penso que não foi suficiente o que ela fez. Aliás, vendo bem as coisas, ela acaba por não resolver nada porque quando chegamos ao fim, tudo já se tinha resolvido por si.
Portanto, muitas vezes é bom começar com um romance menos bom para que daqui para a frente as expectativas possam baixar um pouco e ser tudo melhor a partir daqui.
Não posso deixar de referir na edição deste livro. Espaços enormes em branco nas páginas, margens gigantes, letras de tamanho razoável só servem para o livro parecer maior do que é realmente. Na minha opinião é um desperdício, principalmente por aqueles espaços. Já dei mais dinheiro por livros mais finos, portanto não concordo que as editoras, não só esta em particular, recorra a este tipo de impressão para ganhar mais. Letra grande percebo porque o olhos não ficam tão cansados, mas penso que há limites.

Amesterdão, 1943. Enquanto a Europa é engolida pelo véu nazi, Hanneke percorre diariamente as ruas da cidade. Com apenas 18 anos, ela consegue arranjar os bens raros que as pessoas procuram no mercado negro: chocolate, café, tecidos… Pequenos pedaços de normalidade, preciosos em tempos de conflito. E Hanneke fá-lo apenas por dinheiro! Não há espaço para bondade num mundo devastado por uma guerra que lhe roubou a vida e os sonhos.
Até ao dia em que uma das clientes de Hanneke lhe faz um pedido tão perigoso quanto desafiante: que encontre a pequena Mirjam, uma rapariga judia que a senhora mantinha escondida em casa. A única pista que Hanneke tem é que, no dia em que desapareceu, Mirjam vestia um casaco azul.
Contrariando o seu instinto, Hanneke decide procurar a rapariga. O que ela não sabe é que, ao procurar a pequena Mirjam, vai reencontrar uma parte de si mesma, aquela que Hanneke pensava ter sido completamente destruída com o som das primeiras bombas.

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