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Opinião Suspense: "O Homem de Giz" de C.J. Tudor

janeiro 02, 2018 Inês Santos 0 Comments



A seguir a um livro morno como A Mulher do Camarote 10, peguei no mais recente livro da biblioteca: O Homem de Giz de C.J. Tudor.
O título e a capa remeteram-me sempre para a lembrança do jogo da forca, conhecido por todos nós, e por isso mesmo lendo a sinopse sempre tive à espera de algo do género. Mas não podia estar mais enganada. A obra de C.J. Tudor não fala de nenhum jogo, mas sim dos homens e mulheres de uma pequena vila, tanto lá nascidos como forasteiros.
Trata das relações entre pessoas da mesma e de diferentes idades. Trata de desgraças que acontecem mesmo em locais tão pequenos. Trata de segredos: todos temos segredos, mas uns são piores que os outros (aliás até há uma expressão muito simples citada no livro mas que não vou colocar aqui por motivos "higiénicos"). É à volta destes segredos que toda a história se vai desenrolar, contada na primeira pessoa, maioritariamente, pelo Eddie (mais novo), Ed (adolescente) e Edward (mais velho, o Presente).
A autora intercala fielmente os capítulos do Passado e do Presente, sempre com um grupo de personagens centrais que se mantêm até ao fim, mais coisa menos coisa.
As mortes vão ser muitas, mas algumas naturais. Mas de facto C.J. Tudor não se privou a matar as personagens, mas também muitas sobrevivem. E é este limbo que nos cativa a continuar a ler.
A segunda parte do livro é de longe melhor que a primeira, mas também vejo esta última como uma apresentação das personagens e cenários, tal como a apresentação da ideia e cena que nos espicaça a curiosidade. Na segunda parte vamos ter todos uns desenvolvimentos, e mais para o fim todas as revelações vão ser feitas, mas todas em meias frases para que seja o leitor a descobrir por si próprio o quebra cabeças. Pensamos que está a ser fácil, mas se forem como eu, o final não vai ser nada do que estávamos a pensar. Gostei que os actos fossem sendo distribuídos por várias personagens, tal como as consequências. Gostei da presença de personagens femininas importantes para a história, apesar de ficarem muitas questões por responder em relação a estas, principalmente a Nicky, que apesar de supostamente estar em pé de igualdade dos seus quatro amigos, acabou por nunca lhe ser dado esse protagonismo, excepto uma pequena prenda mais à frente.
O suspense é sem dúvida o que predomina por aqui, mas também temos elementos como a amizade, a religião e a justiça que fazem como que toda a história, mesmo variando no espaço de tempo, seja algo muito actual, porque aqui as almas Humanas são muito verdadeiras (e falsas) e poderiam ser sem dúvida os nossos vizinhas, na nossa aldeia.
A escrita é muito fluída, dá para retomar quando queremos, mas houve algo que a a escritora faz que não me agradou propriamente: no final de cada capítulo, por sinal alguns muito pequenos, a última frase é sempre dedicada a revelar algo que vai-nos suscitar ainda mais dúvidas. É algo muito constante e escrito de forma sempre igual. Na minha opinião esta ideia é boa mas devia ser mais pontual.
Também nesta obra predominam os homens de giz e o próprio giz, fiel ao seu título, mas que não são algo muito importante para a história, na minha opinião.
Em relação ao personagem principal, sem dúvida o meu preferidos dos últimos tempos. Surpreendeu-me por ser tão complexo e inocente, mesmo em miúdo ou em adulto. Não consegui ter muita empatia, pois metade do tempo ele é uma criança com 12 anos que conta as coisas em meias palavras, mas aí é que está o trunfo de Tudor. Dessa forma estamos sempre sedentos de informação e até de acontecimentos que nos dêem peças para confirmar as nossas suspeitas e hipóteses que desde inicio já estamos a coleccionar.
A cena do parque com Sean foi uma das mais marcantes para mim, que deu todo um impulso na leitura. A última cena também está bastante rica, tal como a revelação final do último capítulo. Não tão importante, mas que responde a uma questão que foi colocada imensas vezes ao longo destas quase 350 páginas.
Um óptimo thriller para começar esta minha nova etapa como leitora iniciante do género.

Toda a gente tem segredos.Toda a gente é culpada de alguma coisa.E as crianças nem sempre são inocentes.
Tudo aconteceu há trinta anos, e Eddie convenceu-se de que o passado tinha ficado para trás. Até ao dia em que recebeu uma carta que continha apenas duas coisas: um pedaço de giz e o desenho de uma figura em traços rígidos. À medida que a história se vai repetindo, Eddie vai percebendo que o jogo nunca terminou. Um mistério em torno de um jogo de infância que enveredou por um caminho perigoso.

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